julho/2015 – Este é um assunto recorrente e bastante complicado de analisar. Culturalmente, desde a mais tenra idade, somos levados a ambientes como zoológicos, para ver os animais que fazem parte da natureza, em ambiente de confinamento.
A proliferação de atrativos turísticos que atraem milhares de pessoas e, por consequência, extremamente lucrativos, é cada vez maior. Por mais que se afirme que os animais são tratados com respeito e tenham à sua disposição todo o conforto possível, precisamos considerar que estão fora do seu habitat natural….
Precisamos levar em conta que, para realizar todas as tarefas que nos deixam de boca aberta durante as exibições, estes animais sofreram privações, fome e, quando muito tortura, para assimilar e condicionar seus movimentos aos comandos dos adestradores.
Os animais, ditos como selvagens, quando sob controle e disponíveis para fotos, selfies ou cavalgadas, nos magnetizam. É um comércio poderoso e muitas vezes cruel. Melhor seria se nos fosse possível verificar os métodos de treinamento e o modo de vida destes animais, antes de decidir compactuar com estes espetáculos.
Eu sou um turista. Como saber e como agir com bom senso?
Vamos ver o exemplo das carruagens que transportam os turistas pelo centro histórico da Cidade Imperial, Petrópolis-RJ. Foram necessários muitos conflitos individuais e pressões de entidades de proteção aos animais, para que a Prefeitura tomasse medidas de controle e fiscalização no uso dos cavalos por seus favorecidos, no caso, os permissionários do serviço. Isso, sem falar que, desde 2001, a Lei 3350/2001 de autoria do saudoso vereador e ator Cláudio Cavalcanti, já regulamentava a matéria.
Antes destas medidas, os animais eram expostos a trabalhos estafantes, sem períodos de descanso, com pouca água, alimento, sob o sol ou chuva, frio ou calor, além do excesso de carga característico. Muitas vezes foram flagrados batendo seus cascos nas pedras do calçamento, sem a proteção de ferraduras ou sendo exigidos além do limite de carga, com o uso do chicote. Hoje a situação é outra, muito embora não seja a ideal.
Muitos vão dizer: “os animais sempre foram a força motriz do desenvolvimento e aos poucos vem sendo substituídos pelas máquinas. Estas manifestações são a proteção da cultura de épocas passadas que precisam ser preservadas em nome da história”. Concordo, em parte. Se nós evoluímos, porque mante-los (os animais) sob a cruz da escravidão, ao invés de lhes oferecer uma vida mais digna e saudável, mesmo que presos ao trabalho?
Exemplo 2: Sei que foi uma ação isolada, mas é de emocionar o mais bruto dos corações, a cena que foi ao ar recentemente, de um grupo de vacas leiteiras, que viveram sob confinamento pelo tempo em que sua produção era satisfatória. Destinadas a virar churrasco após uma vida de serviços, foram resgatadas por uma Fundação destinada a dar um fim de vida digno a estes escravos do comércio agro-pecuário. A alegria da liberdade destas vacas ao se ver em campo aberto, podendo se espojar na grama, dando pequenas carreiras e pinotes, foi inesquecível.
Se isso nos comoveu, deve ter mexido com seu coração também. Podemos então pensar um pouco mais na hora de pagar por algum turismo ligado ao abuso ou uso de animais.
Confesso, que nós também nos deixamos levar, algumas vezes, distraídos que estávamos com a beleza e a riqueza da fauna, por onde passamos em nossas viagens. No pantanal, por exemplo, vimos o contraste do cuidado com a pesca esportiva, onde o barqueiro (registrado e autorizado), participava ativamente da proteção dos espécimes capturados, controlando o tamanho destinado ao abate (dentro de sua cota individual de profissional pescador) e aqueles que deveriam ser devolvidos ao rio em nome da preservação. Do outro lado, guias ditos como profundos conhecedores do pantanal, exploravam a fragilidade de filhotes de jacarés, desprotegidos de suas atentas mães, em nome daquelas fotos clássicas que todo turista faz questão. Isso sem falar na aproximação desnecessária de ninhos de Tuiuius para fotos. É comum as mães abandonarem seus filhotes nos ninhos, por considerarem que não são mais locais seguros, ou os filhotes de jacaré serem refugados pelo cheiro de produtos e cosméticos presentes em nossa pele. E nós sabíamos disso? Deveríamos saber!
Preferimos pensar que, mesmo que tarde, nossa consciência do mundo ao redor, do qual dependemos profundamente, está aumentando. Vamos manter aceso o alerta para qualquer manifestação que agrida a natureza e o direito de quem quer que seja, animal ou vegetal. É sim, possível, fazer um turismo de contemplação, com muita fotografia e sem agressão. Sempre há histórias para contar. Se aquele flagrante da vida animal não foi possível, use de sua veia literária e nos faça ver pelas palavras.
Enquanto rascunhava este texto, em produção já faz bom tempo, por conta da dificuldade de tratar a questão, recebi do 360meridianos (sigo permanentemente), um texto escrito pela Natália Becattini, tratando do mesmo tema (chamo isso de sintonia global de ideias, já que temos preocupações e interesses comuns). A Natália expõe, com muito mais propriedade, lucidez e pesquisa, os sentimentos que não consegui descrever até aqui. Recomendo muito a sua leitura e reflexão, até porque, devo te-lo deixado (caro leitor), mais confuso do que estava antes.
Na fase do planejamento de nossas viagens e, quando disponível, incluímos visitações a centros de recuperação de animais, a viveiros de plantas nativas, a campanhas de reflorestamento, projetos de reintrodução animal e vegetal, projetos TAMAR, avistamentos no mar e na mata,…
Ficamos muito felizes em pagar pela visitação que vai manter e perpetuar os resultados e divulgamos através de nossos meios, para estimular novos turistas.
Concluindo, precisamos ligar nossa visão periférica e avaliar melhor o que nos é oferecido como atrativo turístico.
Obrigado por postarem este tópico com relatos e comentários sobre os cuidados com a ECOLOGIA de uma maneira geral, a nossa mãe TERRA. Agradecemos principalmente por sermos coadjuvantes neste belíssimo planeta. Nós tentamos fazer a nossa parte, fazendo compostagem orgânica c/ minhocas e plantando ao pé da serra aqui em Mongaguá – SP algumas mudas de arvores frutíferas da mata atlântica. Abraços ao casal CARLOS & GLEIDYS e um afago ao gato FREDY
SERGIO & LUCIA e a fox paulistinha NINA – (Família Neri)
Obrigado pelas palavras Sérgio e Lucia. Nossa composteira com minhocas é da Morada da Floresta. Hoje usamos um modelo doméstico, com um ótimo resultado. Por onde passamos nos esforçamos por deixar uma muda plantada, seja frutífera, seja nativa. Faz um bem muito grande. Grande abraço. Um afago especial para a Nina.