Caravanismo Selvagem no Algarve em Portugal

Motorhome sem lugar certo para parar? Um problema que não é só nosso!

Quem aqui nunca passou por aquele perrengue de chegar em um lugar incrível e ficar na dúvida: “será que posso parar meu motorhome aqui?”. Ou pior, encontrar aquele paraíso lotado, sem nenhuma estrutura, e com uma confusão danada entre quem pratica o turismo itinerante e os moradores locais. Pois é, essa é uma dor que nós, que levamos a casa nas costas, conhecemos bem.

E se eu te disser que essa não é uma exclusividade do Brasil? Recentemente, li uma matéria de Portugal que parece um espelho do que vivemos por aqui. Resolvi traduzir e adaptar para a nossa realidade, porque a discussão é super importante para o futuro do nosso estilo de vida.

Lá em Portugal, na região do Algarve (pense numa versão portuguesa do nosso litoral nordestino ou das praias de Santa Catarina), a prefeitura de uma cidade chamada Vila do Bispo decidiu que era hora de “colocar ordem na casa“. O motivo? A quantidade de motorhomes e trailers estacionando em locais proibidos, como parques naturais e até mesmo no meio da cidade.

A prefeita da cidade, Rute Silva, foi direta ao ponto: “Queremos as coisas de forma organizada e legal. Um turismo desordenado traz poluição, falta de higiene e até problemas de saúde pública“.

Soa familiar? Pense naquelas praias super disputadas no verão, ou em cidades turísticas de Minas Gerais, onde nossos veículos acabam ocupando vagas que não deveriam. A prefeita de lá contou um exemplo que poderia muito bem acontecer aqui: motorhomes ocupando o estacionamento da escola, atrapalhando os pais que vão levar as crianças pela manhã.

Para resolver, eles estão criando regras mais duras: vai ser proibido pernoitar (passar a noite) fora de locais apropriados, como campings e pontos de apoio (que eles chamam de áreas de serviço).

Mas o mais interessante é que eles sabem que não adianta só proibir. A própria prefeita defendeu: “O que precisamos é criar mais infraestrutura, ou seja, mais pontos de apoio e campings, para que os motorhomes e trailers possam ir para os lugares certos“.

Essa é a tecla em que nós, caravanistas brasileiros, batemos o tempo todo!! Não queremos parar em qualquer lugar por malandragem, mas sim porque faltam opções seguras e estruturadas!
Nesta linha, estamos na expectativa da aprovação do PL1036/2025, que institui o Marco Legal do Turismo Itinerante, que foi alvo de um artigo aqui mesmo no Blog, recentemente. Vale a leitura.


Lá, no Algarve em Portugal, a fiscalização é feita por uma força de segurança parecida com a nossa Polícia Militar (a GNR) e pela Polícia Marítima. Eles contam que a abordagem inicial é sempre na base da conversa, da orientação. Mas, como diz a comandante Francisca Albergaria: “chega um ponto em que não podemos fechar os olhos“. O resultado? Centenas de multas.

Outro ponto que me chamou muita atenção foi o depoimento do diretor de um camping da região. Segundo ele, 98% dos viajantes por lá são estrangeiros que, muitas vezes, nem sabem que estão em uma área de preservação ambiental ou quais são as regras do país.

Ele fez uma crítica que serve perfeitamente para o Brasil: falta sinalização! “Quando vocês vieram para cá, viram alguma placa dizendo ‘bem-vindos ao parque natural’? Não há, não existe“, ele afirmou.

Quantas vezes a gente não chega num lugar e as regras são, no mínimo, nebulosas? A falta de informação clara acaba gerando conflitos que poderiam ser evitados.

Motorhome estacionados de forma confusa e desestruturada

A conclusão do artigo original é a mais pura verdade e serve como uma luva para nós: o nosso estilo de vida, o “autocaravanismo”, cresceu demais e, por muito tempo, viveu na informalidade.

Isso gera conflitos com o meio ambiente e com o planejamento das cidades. Mas, se for devidamente organizado, com regras claras, fiscalização justa e, principalmente, com a infraestrutura necessária, o nosso turismo deixa de ser uma “ameaça” e se transforma numa baita oportunidade econômica para os lugares que visitamos.

Nós, que amamos a liberdade da estrada, somos os maiores interessados em cuidar dos lugares por onde passamos. Queremos ter locais adequados para descartar nossos dejetos, para encher nossa caixa d’água e para passar a noite em segurança, contribuindo com o comércio local.

A experiência de Portugal nos mostra que não estamos sozinhos nesse desafio. E que o caminho é o diálogo entre viajantes, poder público e a iniciativa privada para criar soluções que sejam boas para todo mundo.

Trailers estacionados no Algarve

E você, o que acha? Já passou por alguma situação parecida no Brasil? Como podemos, enquanto comunidade, ajudar a melhorar essa realidade por aqui? Deixe seu comentário aí embaixo! 👇

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