dezembro/2016 – estamos com as grandes festas logo na esquina do calendário. Natal, Ano Novo e a seguir o Carnaval. As áreas de campismo já estão reservando seus espaços buscando, se possível, lotação máxima.
Com isso, as chances de conflito são grandes e não muito raras. Os que enxergam o campismo como lazer, natureza, tranquilidade, paz e a tão esperada chance de se afastar do stress da vida na cidade contrapõem-se aos que entendem que o campismo é sinônimo de plena liberdade e isenção total às regras de boa vizinhança e convivência. Observe-se que as celebrações de Natal e Ano Novo, em família, nada tem em comum com as festas que viram madrugada sem limites. Eventos dessa monta devem ocorrer em espaço próprio, não no meio das barracas ou estacionamento de VR´s. Se você sabe do que estamos falando, continue a ler este artigo.
A placa ao lado é do Camping Claro Casa de Pedra, em Delfinópolis, MG. Quando lá estivemos, levantamos esse assunto com a administração, para testar a subjetividade da “tal tolerância”, bastante aplicada em muitos campings pelo Brasil afora, principalmente na alta temporada. Não foi o caso aqui. A regra é tão explícita, que ao primeiro descumprimento o valor é devolvido e o campista retirado do convívio com os demais. Pelo que notamos, não há espaço para advertências. Ou se cumpre ou se vai embora. Soluções assim dão aos campistas a exata noção de seus direitos e deveres, facilitando o convívio e a permanência de indivíduos com propostas similares de lazer.
Esta outra está presente e é respeitada no Camping Paraíso Perdido, em Capitólio, MG. Nessa, já está incluída a proibição explícita aos carros de som, uma praga que aos poucos vem sendo coibida no país, mas que ainda conta com a aceitação (finge que não vê) de algumas prefeituras de interior. A alegação é que sem eles, o turismo será fraco e a arrecadação do comércio e hotelaria prejudicada. Com essa visão distorcida, alguns administradores de campings pensam de forma similar. Curiosamente, você vai encontrar em todos os regulamentos o item que trata do horário de silêncio. Quanto à cumprir e fazer cumprir, já é outra história!!!
Nossa longa experiência em campings permitiu identificar 3 tipos (e 1 variante) de administradores no tocante à postura e prontidão quanto ao respeito ao horário de silêncio. Quais são eles?
O administrador que BATE O MARTELO. Está na regra, está no regulamento. Os demais campistas merecem respeito e ponto final. Vimos essa postura no camping Dona Esmeralda, em São José do Barreiro, SP, por mais de uma oportunidade.
Mesmo em dia de comemoração, com toda a estrutura do camping envolvida na festa Junina, o horário de silêncio foi respeitado e quem assim não se adequou, foi devidamente enquadrado. O campista festeiro e barulhento (não necessariamente obrigatória essa combinação) precisa entender que o dia tem 24 horas e, por regra, as horas noturnas são dedicadas ao descanso da maioria. Aos que preferem dormir durante o dia e farrear durante a noite estão disponíveis as casas de shows, não os campings. Anote-se que havia área destinada para o alongamento da festa, longe do espaço de barracas. Estes campings estão identificados em nossa lista com o ícone .
O administrador TOLERANTE e APAZIGUADOR. Tá na regra, mas é tempo de festa, vamos tentar alongar um pouco, pra ficar bom pra todo mundo.
Significa dizer que você não vai conhecer o significado de Horário de Silêncio. Quem está fazendo barulho vai reduzir um pouco, dentro do entendimento subjetivo e pessoal do responsável e você vai ter que adaptar seu ouvido a este novo conceito de silêncio. Nota-se que este tipo de administrador é participativo, negociador e normalmente “gente boa”. Vai buscar um meio termo, que pode não lhe agradar. Estes campings estão identificados em nossa lista com o ícone .
O administrador CEGO, SURDO e MUDO. Muito comum e fácil de encontrar. Finge que não vê o que todos estão vendo. Não ouve NADA, absolutamente NADA. Normalmente quando você vai procurá-lo é difícil de achar. Exatamente no horário em que é mais necessário, saiu e seu telefone não atende.
A confusão entre os campistas pode resultar em grandes aborrecimentos, já que ficam à própria sorte. Os mais sensatos evitam confronto direto (normalmente a outra parte está etilicamente alterada). Os menos dispostos a ceder em seus direitos entram numa região nebulosa da relação humana, onde vence o mais forte ou a maior turma. Este administrador costuma aparecer no dia seguinte com a cara lavada surpreendendo-se com tudo. Desculpa-se como pode, mas repete a dose indefinidamente. Se puder, coloca a culpa no vigia que não tomou as devidas atitudes, ou no empregado temporário, contratado justamente naquela noite. Estes campings estão identificados em nossa lista com o ícone .
O administrador INTRIGUEIRO (variante do anterior). É CEGO quando quer e SURDO de vez em quando. Mas a variação INTRIGUEIRO é a mais perigosa. Tem por hábito procurar a fonte do barulho/desrespeito e informar que o campista vizinho da esquerda, da barraca azul, com gazebo amarelo, proprietário do carro tal, está reclamando. Faz questão de deixar claro que não é ele, nem a instituição (camping) que está interpelando o campista alterado em função das regras e sim, atuando como um porta-voz da insatisfação do coitado do vizinho, que não sabe que foi DELATADO. Aí está formado o pior quadro de todos. Esse vizinho deve esperar o pior, já que não está preparado para o que vem pela frente. Acredite, isso é muito comum.
Prepare-se para o momentos difíceis se você gosta de viajar quando todos estão viajando também. É preciso muita atitude e rigidez para que o simples não se complique.
Quando estivemos em Laguna, SC, em pleno carnaval (voltávamos de uma viagem longa de 60 dias), encontramos a cidade semeada de carros de som. Tivemos uma grata surpresa ao chegar ao Camping Molhes da Barra, administrado na ocasião pelo casal de proprietários Sr. Carlos e D. Teresa (muito idosos). Um oásis de paz, onde carros de som ficavam fechados e desligados dia e noite, enquanto dentro das instalações do camping. Perguntamos a receita. Antes de abrir a porta para ter acesso ao camping, as regras e regulamentos são entregues e os detalhes mais críticos, informados verbalmente ao visitante.
Este é outro importante item disciplinar que não é utilizado com frequência. Entregar e exigir ciência do regulamento e normas de uso.
Nosso jeitinho brasileiro de conviver, esperando que o próximo perceba a vida da mesma forma é utopia. Os povos mais desenvolvidos já descobriram isso faz muito tempo. Os limites precisam estar claros. Dessa forma todos vão poder usufruir com paz e tranquilidade o que está sendo oferecido dentro daquele início e fim.
Se o seu camping é do BALACOBACO, deixe isso bem claro. Temos certeza que terá a afluência de um grande público. Acabará por criar um nicho consumidor que vai encontrar pessoas afins com diversão garantida. Mesmo assim, e curiosamente, regras terão que ser criadas para que não ocorra uma implosão do negócio. Percebem?? __ Senhores administradores, o negócio largado tende a sucumbir, seja para que lado for (organizado ou desorganizado).
Peço aos amigos viajantes e campistas, que não deixem de divulgar suas experiências, sejam boas ou más. A redistribuição da força de consumo campista vai valorizar quem procura trabalhar direito e evitar os famosos PERRENGUES.
Boas Festas a todos.