Nosso primeiro contato com as belezas do Deserto do Atacama foi no passeio à Laguna Chaxa, onde a concentração de Flamingos é maior. Visita aconteceu em fevereiro de 2018.
Essa laguna está a 2300 metros de altitude, no mesmo nível de San Pedro de Atacama. Suas águas tem origem no degelo da cordilheira. Infiltram-se nas grandes altitudes e acabam por aflorar em forma de lagunas no salar.
A concentração de sal é muito alta, formando um bioma único e muito exótico. A população de Flamingos é grande e composta de 3 espécies, além de pássaros migratórios como o Playero (B95). Para onde se olha, a beleza surpreende.
Aqui se alimentam 3 espécies de Flamingos. São eles o Flamingo Andino, que possui uma borda preta na asa, alcançando a altura de até 1m30cm, sendo considerado o maior de todos.
O Flamingo de James é o mais raro de todos. Possui uma maquiagem toda especial ao redor dos olhos, atingindo até 1 metro de altura.
Por último, o Flamingo Chileno, quase todo rosa. É também conhecido como o Flamingo Falso, já que não realiza a dança típica da espécie, enquanto movimenta o solo em busca do seu alimento, o molusco de nome Artêmia, que é o responsável pela coloração rosada.
O flamingo faz seu ninho no interior das lagunas. É construído com lama e assume a forma de uma torre cônica, tendo na parte de cima uma espécie de panela rasa, onde coloca seu único ovo.
Após 28 dias de incubação nasce o filhote que é cuidado pelo casal. Atinge a maturidade, em torno dos 3 anos, quando então, começa a demonstrar a cor rosa na sua plumagem, decorrente de sua dieta de artêmia.
Além dos Flamingos, circula por aqui um dos pássaros mais curiosos da natureza, o Playero, conhecido cientificamente como o B95. Este pássaro migratório é detentor de recordes de deslocamento considerados quase impossíveis. Em suas viagens amuais desde o Ártico canadense até a Terra do Fogo na Argentina, estima-se que já tenha percorrido uma distância maior que a que separa a terra da lua.
Andar sobre o sal, numa planície varrida pelo vento e embaixo do sol é uma experiência muito diferente para nós, habituados a umidades relativas superiores a 60%. Aqui, essa umidade cai para menos que 9%. Em pouco tempo seus lábios ficam ressecados, sua necessidade de água aumenta consideravelmente. Protetor solar e muita água são obrigatórios para o turista. O reflexo do sol sobre o sal aumenta muito a insolação.
O que você vê na foto acima e ao lado, é o sal aflorando do chão através da evaporação da água que está no subsolo.
Essa água é proveniente das chuvas e do degelo que infiltram na cordilheira.
O sal presente no Deserto do Atacama não é adequado para o consumo humano, por que não apresenta as quantidades mínimas necessárias de iodo. Sem ele, o corpo e o cérebro não se desenvolvem adequadamente. A sua falta é considerada a causa mais comum da deficiência mental no mundo.
Não é sempre que se pode ter um flamingo na mão, ainda mais um Andino. As cores suaves, contrastando com o branco e o cinza do solo e as variações de azul do céu são certeza de ótimas fotos.
Após algumas horas caminhando por sobre o salar, em companhia dos flamingos, fomos visitar o lugarejo de nome Toconao, onde os nativos ainda vivem em casas feitas com adobe (uma mistura de argila, areia e água, que depois de seca em forma de tijolos, permite que as paredes respirem, evitando a criação de mofo e mantendo a temperatura interna mais fresca. O artesanato é feito a partir da madeira do cacto, a lhama é um dos principais motivos e os tecidos trazem a alegria das cores desse povo andino.
O tempo é o dono do lugar. O cacto da foto representa a longevidade. Para crescer alguns centímetros, leva quase um século. Imagine sua idade.
A Torre do Sino, também chamada de Campanário de São Lucas, foi erguida nos anos 1700.
Sua construção é de adobe, e já esteve em melhores condições. Costuma ser restaurada por época das festividades do padroeiro.
O passeio se encerrou com um lanche na sombra de um projeto de reflorestamento que teve por objetivo interromper a desertificação da região. O bloqueio dos ventos através da introdução da espécie Prosopis Tamarugo Phil, permite concentrar água e cria um cinturão verde. Suas raízes atingem facilmente os 10 metros de profundidade para captar água, enquanto um outro conjunto de raízes se espalha ao redor, até 1,5m de profundidade, dando a necessária resistência aos fortes ventos. Suas folhas tem características únicas de pouca evaporação.
O projeto foi abandonado quando o governo militar (1973–1990) assumiu o controle do Chile. Até hoje está abandonado, muito embora seja um sucesso.
A guia que nos conduziu neste passeio foi a Amora, da excelente operadora Araya Atacama. Simpatia pura e com muito conhecimento sobre todos aspectos ligados à geologia, cultura e história envolvidos com o percurso.
Visite nosso álbum Atacama, para ver todas as fotos em alta qualidade. Acreditamos ser o melhor material fotográfico de todas as viagens que fizemos até hoje.
Amanhã vamos visitar as Lagunas Altiplánicas e o Trópico de Capricórnio.
Veja abaixo o filme da viagem.