Trilha para a Pedra do Sino – Teresópolis

Trilha para a Pedra do Sino – Teresópolis

setembro/2010 – Este fim de semana (11 e 12 de setembro), fizemos a trilha para a Pedra do Sino, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos-PARNASO, na sede de Teresópolis. O tempo estava perfeito. Céu azul, após poucas chuvas no meio da semana e sem ventos.

Reservamos nossos lugares no Abrigo 4, na base da pedra, com 15 dias de antecedência. Preocupados, confirmamos duas vezes e na véspera fizemos nossa última checagem com a portaria do parque. Tudo certo. Nossas 3 camas estavam OK. Nosso objetivo era de subir a trilha no Sábado, apreciar o por-do-sol no alto da pedra e pernoitar no abrigo. No Domingo faríamos a descida descansados. Mas, algum pressentimento me dizia para levar os isolantes térmicos. Eu não estava tranquilo quanto a nossa reserva de camas no abrigo. Mochilas prontas, saímos do Rio as 7:30. O café da manhã aconteceu no Alemão. Entramos na sede do parque as 9:30, para acertar as contas de nossas reservas e os custos de pernoite do carro.

E não deu outra. Nossas reservas não existiam. Alguém havia reservado todo o abrigo. Mais de 20 camas e até já teria pago pelas reservas. Com calma e firmeza, deixamos a coisa bem clara. Este alguém vai ficar sem 3 camas. Trinta minutos depois a situação era a seguinte: o tal alguém (que prefiro não dizer o nome) estava doente e não iria conduzir seus clientes naquele fim de semana. Este alguém sequer ligou para avisar. O administrador do parque foi acionado. Nossas reservas apareceram anotadas num pedaço de papel, junto a diversos outros pedaços. A despeito de nossas reservas, o tal alguém, se estivesse bem de saúde, teria se apropriado de todas as camas.

Conclusão: não existe organização na agenda do abrigo 4. Esta conduta de beneficiar alguém com lotação máxima é, no mínimo, constrangedora, mas é praticada. O fato de não haver confirmação escrita de sua reserva (e-mail), abre caminho para estes conflitos, restando aos prejudicados desistir de seu projeto ou encarar a adversidade com criatividade e bom humor. Portanto, grave sua conversa ao telefone com o representante do parque e do abrigo. Durante sua conversa, diga os nomes de seu interlocutor, os seus próprios, horas e dias bem claramente. Peça para que sejam confirmados verbalmente. Anotações em pedaços de papel tem a propriedade de desaparecer e aparecer. Ouvi dizer que vai melhorar.

Deixamos as mochilas na barragem. Retornei e estacionei o carro na pousada desativada, 1,2 km abaixo. Finalmente, as 10:30 iniciamos a trilha, levando os recibos dos pagamentos de nossas reservas e os isolantes térmicos, que agora pareciam muito úteis. A trilha é de fato muito bonita. Ampla em alguns trechos, estreita em outros, tendo o início com piso de pedras um pouco desconfortável, logo dando lugar ao piso de terra.

Iniciando a subida

O clima fresco estava apropriado. Esta trilha é classificada de semi-pesada a pesada, caso você esteja levando uma mochila cargueira. Sua duração média é de 5 a 6 horas, com direito a paradas para lanche, observação e muitas fotos. A orientação é fácil. Distância total de 13 km. Deslocamento vertical de 1095m, a partir da base, na barragem. Altitude no cume da pedra é de 2275m. Ao percorrer esta trilha, observe a profusão de cantos e piados das várias espécies de pássaros. Podemos dividir a trilha em seções bem distintas. No começo, chamamos de área de bombardeio, onde ouvimos com clareza a queda de bombas. O canto de um pássaro que não identificamos nos fazia acreditar que bombas da segunda guerra estavam caindo sobre nossas cabeças. Você vai entender quando passar por lá. A seção seguinte, chamamos de canteiro de obras, com muitas arapongas martelando seus piados. Mais adiante, ainda no canteiro de obras, os carrinhos de mão com as rodas enferrujadas, pedindo lubrificação. Em paralelo, muitos sabiás, maritacas, coleiros, trincaferros, sanhaços, chanchões, saíras, canários-da-terra, pombas selvagens e tantos outros que não soubemos identificar.

araponga canariodaterra chanchao coleiro maritaca pombaselvagem sabia Saira sanhaco trincaferro

Os pontos de controle são a Cachoeira do Véu da Noiva, o Abrigo 2, a Cachoeira do Papel, as ruínas do Abrigo 3 e seu mirante, a Cota 2000, o campo das Antas e o Abrigo 4, já na base da Pedra do Sino. Nós concluímos todo o trajeto em 5:30 horas com parada no mirante do Abrigo 3 para um lanche. Não houve necessidade de reabastecer nossos cantis. Um litro de água foi adequado para todo o percurso. Não deixe de usar potabilizadores caso decida coletar água nas cachoeiras.

A Cachoeira do Véu da Noiva estava praticamente seca.
VeuNoiva01 VeuNoiva02

A Cachoeira do Papel também estava quase seca. O rio que serve as duas é o mesmo. Este inverno foi muito pobre em chuvas na região.

Cachoeira-do-Papel Papel02

São inúmeros os pontos onde é possível ter uma vista privilegiada da Serra dos Órgãos, tendo a cidade de Teresópolis em seu berço. A panorâmica abaixo fiz no mirante do antigo Abrigo 3 onde fizemos nosso lanche. Recomeçamos a trilha as 14:20h.

Panoramica

Mais um pouco de trilha e atingimos o ponto da Cota 2000, onde na verdade estamos a 2015 metros, encerrando a sequência quase infinita de zig-zags (curvas de nível). A longa pedra no meio da trilha é o indicativo do lugar.
Cota2000-01 Cota2000-02

Seguindo adiante, chegamos ao Campo das Antas de onde avistamos o telhado do Abrigo 4 (o local era, antigamente, habitado por muitas antas, antes da ação dos caçadores). A trilha agora segue quase que reta, direto até o abrigo. Chegando lá (16:00h) tomamos posse de nossas camas e deixamos nossas mochilas, para subir até o cume da Pedra do Sino.

CampoDasAntas Abrigo4

cume02São mais uns 20 minutos até alcançar as lajes. Concentre-se no desgaste das rochas, que desenha o caminho mais claro até o cume, onde existe um marco de concreto.

Sino Cume

Ali ficamos até o por do sol, que se deu por volta das 17:45h, junto com um frio repentino, sinalizando uma noite bem gelada.

Por do Sol no Sino

Retornamos ao abrigo, já fazendo uso de nossas lanternas. Descobrimos que não havia água para banho e que a luz seria racionada. Não houve vento suficiente para que o gerador eólico carregasse a pleno as baterias. Conversamos com o supervisor dos abrigos. Relatamos o ocorrido com nossas reservas, e ouvimos algumas explicações com relação a indisponibilidade de recursos no abrigo. Sintetizando, a administração do abrigo foi licitada e está em fase de adaptação, reorganização, troca de equipamentos e mão-de-obra. A rotina de reserva do abrigo vai ser conduzida pela web, direto no site que está em fase de testes finais. Devemos esperar alguma melhora em alguns meses.
Sem opções, renovamos a validade do desodorante e reservamos a pouca água para cozinha e uso do banheiro. Com paciência e ritmo, todos puderam cozinhar seu miojo. A noite foi fria. O termômetro externo marcava 2 graus por volta de 21:00h. Alguns corajosos subiram para o cume da Pedra do Sino as 5h, para receber o sol. Relataram que o orvalho estava formando um tapete congelado.
Levantamos por volta das 7 horas e após um café rápido, pegamos a trilha de volta as 8 da manhã. A trilha na descida também reservava belas surpresas.

Trilha para a Pedra do Sino - Teresópolis 1Trilha para a Pedra do Sino - Teresópolis 2

Chegamos de volta a barragem as 11:30 da manhã. Pegamos o carro e fomos cumprir nosso último compromisso do dia. Tomar um caldo de piranha e beber uma cerveja gelada no Restaurante Caldinho da Piranha em Teresópolis. Brindamos ao nosso fim de semana e retornamos ao Rio.

Trilha para a Pedra do Sino - Teresópolis 3

Concentrei neste filme algumas cenas dinâmicas que fizemos durante a trilha.

Os custos básicos foram: Valores da época.
Entrada no Parque com pernoite – R$ 32,50 (guias Embratur não pagam)
Carro estacionamento no parque (diária) – R$ 5,00 (carro do guia não paga)
Pernoite em cama no Abrigo – R$ 20,00
Pernoite em bivaque no Abrigo – R$ 15,00
Acampamento ao lado do abrigo – R$ 10,00
Banho quente no abrigo – R$ 10,00 (nem frio existe)

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