Temporada de verão de 2017 na Europa a todo vapor.
Caravanismo francês, espanhol, alemão,… se dirige em massa para as praias do Algarve, como acontece todos os anos.
E a cada ano este volume aumenta, sem que as autoridades Portuguesas estejam preparadas para controlar o que vem sendo chamado na região de Turismo “SELVAGEM”.
Os moradores da região, bem como os turistas portugueses relatam situações de total descontrole deste turismo. As aglomerações de vans modificadas, carros com colchões, todos sem banheiro, cozinha ou climatização, transformam as áreas de acesso às mais belas praias em “bairros de lata”.
Estes veículos de recreação, se assim podem ser chamados, não contam com o mínimo necessário para garantir algum conforto aos seus usuários, promovendo então, o uso inadequado do espaço comum.
Os relatos são os mais absurdos, dando conta que as passarelas e os acessos às praias estão todos sujos com fezes e urina, produzindo um cheiro insuportável.
Lembro bem dos problemas vividos aqui no Rio de Janeiro por época da Copa do Mundo, com a invasão de Motorhomes Argentinos e Uruguaios, sem a devida definição de áreas para estacionamento. Muito parecido com o que vive agora a costa portuguesa.
Enquanto os moradores, legítimos donos do lugar, reais pagadores dos impostos que mantém e preservam os atrativos naturais, reclamam da ausência do poder público, os comerciantes alegam que este é o momento de reequilibrar as finanças. Este conflito de interesses está presente em todas as cidades turísticas sazonais, que precisam, quase sempre a todo custo, captar recursos para as épocas das vacas magras (inverno e outono).
Aqui por nossas bandas, bastam alguns exemplos de como a vida do morador local se torna um caos na alta temporada. Conheço alguns amigos que deixam suas cidades no verão (Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio, …), pela total impossibilidade de permanência.
Podemos dizer que “tal lá como cá”, a ausência de regras de bom uso do bem comum acaba por comprometer a continuidade deste mesmo bem. Assim acontece com a natureza de uma forma generalizada.
Neste Brasil, onde todo e qualquer recurso tem destino incerto, foram criadas as taxas de uso das cidades turísticas, com o intuito de reverter e compensar os danos causados durante a presença destes. Onera-se o turista, pensando na manutenção e no futuro do lugar. Se é justo mais um imposto? Claro que não, visto que esses recursos acabam caindo numa vala comum de despesas, as mais desconexas possíveis e em nada retornando para o objetivo inicial de sua criação.
Estivemos no Algarve, no final da primavera de 2017, um pouco antes do início da temporada de verão. Não queremos pensar em toda essa beleza sendo desfigurada pelo tal turismo “selvagem”.
Este assunto vem sendo discutido com muita força na imprensa portuguesa.
Espera-se para o ano que vem, talvez, a adoção de regras de conduta que organizem melhor todo esse fluxo, olhando todos os lados e interesses, em especial a natureza.