Relembrando junho/2010 – Santa Rita de Jacutinga, também conhecida como a Cidade das Cachoeiras fica na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, já dentro dos domínios mineiros.
O atrativo principal da cidade é o turismo rural, com muitas trilhas, cachoeiras e riachos. O legado histórico e cultural é muito forte, presente nas fazendas construídas no século XIX, que remontam ao tempo da escravidão e do cultivo do café.
A linda Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, padroeira do município, dá as boas vindas aos visitantes.
Aqui ficamos por 3 deliciosos dias.
São muitas as opções para chegar à cidade. Vindos do Rio de Janeiro, nós optamos por subir a Dutra até Volta Redonda. De lá pegamos a RJ153 até Amparo e Santa Isabel em sequência. Mais um pequeno trecho de terra (já em obras para receber asfalto), e chegamos a Jacutinga. Esta rota economiza 50 km em relação a outra opção, que passa por Barra do Piraí, Ipiabas e Conservatória.
Chegamos a Jacutinga ainda na parte da manhã. Ficamos hospedados na Pousada “O Meu Canto”, diária de 80,00 com café incluído, confortável, limpa e bem localizada. Fomos recebidos pelo Sr. Geraldo, que com sua calma mineira, nos passou todos as dicas para conhecer os principais atrativos da região.
Dica: não fique nos quartos da frente! A rua é muito barulhenta e bem cedo (madrugada) já começa a receber os caminhões de leite que vem transferir sua carga.
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Nosso primeiro objetivo foi conhecer a Cachoeira do Boqueirão da Mira, passando pelo lugarejo chamado de Cruzeiro e pela Cachoeira dos Meirelles.
Até o Boqueirão, são 17 quilômetros de terra em condições razoáveis, levando em conta um Celta, rodando 70% do tempo em 3 marcha.
No km 15, chegamos a Cruzeiro, onde fizemos um pit-stop no Restaurante e Bar Camisa 10. Lá fomos muito bem atendidos pela D. Lúcia e sua filha. Enquanto tomávamos uma cerveja bem gelada, ela nos mostrou a coleção de troféus do Cruzeiro Futebol Clube, que fica exposta para quem chega.
Mais 1 km adiante, paramos o carro e iniciamos nossa trilha até o Boqueirão da Mira, o ponto alto do dia. A dica mais objetiva foi a descrita pelo Sr. Geraldo. “Seguir a trilha com o rio a sua direita. Na ponte de cimento, atravessar e passar a subir a trilha com o rio a sua esquerda. Quando cruzar a porteira, não se assuste com o alerta de GADO BRAVO. Na verdade são muito dóceis. Quando eles percebem a nossa presença, se deslocam rapidamente em direção ao cocho(comedouro) na expectativa de que receber alguma ração. Na dúvida, pegue um galho grande e use para espantá-los.”
Depois de 2 kms de trilha leve, chegamos a entrada da mata. Com mais 60 metros, atinge-se o poço principal do boqueirão, com as duas paredes de pedra separadas pela água e pelo vento. Um lugar ímpar. Mesmo no inverno mais rigoroso, vale a pena dar um mergulho. No fim deste post, deixei o link para as marcações que fiz no GPS durante este dia.
Veja nos pequenos filmes a seguir um pouco mais dessa beleza.
Depois do café da manhã, tomamos as referências para conhecer a Cachoeira do Pacau, passando pela Cachoeira Vargem do Sobrado e pela Cachoeira do Mendonça.
E lá fomos nós. Nada a reclamar da estrada. No km 12 saímos a esquerda e rodamos 1km até a a Cachoeira Vargem do Sobrado. Em se tratando da primeira cachoeira do dia, gostamos muito.
Retornamos para o asfalto e no km15, passamos pela Cachoeira do Mendonça quase sem parar. Ela fica aprisionada embaixo da ponte que dá continuidade a estrada. Uma pena. Vale parar e observar a queda d´água.
Mais 3,8 kms, você deve ficar atento a sua direita e parar o carro no mirante de terra batida. É a melhor visão da Cachoeira do Pacau, para quem não quer descer a trilha.
Subindo mais 1,5 km você chega na ponte logo acima da Cachoeira do Pacau. Você vai notar o rio vindo da esquerda e passando por baixo para descer a serra. Há uma saída a direita, onde você pode parar seu carro.
Siga a pé nesta saída uns 10 metros e vai achar a esquerda a entrada da trilha. É uma descida íngreme, mas cheia de galhos e pequenas árvores para se apoiar. Serão várias as oportunidades para boas fotos, já que a trilha acompanha a queda. Atenção para não vacilar ao pisar nas pedras, que ficam molhadas o ano inteiro.
Dependendo de sua vontade e condição pode chegar até a base. Existe outro acesso pela ferrovia do aço que passa próximo a entrada do túnel 43 (o maior da américa latina), mas que não pude tentar.
Veja nos pequenos filmes a seguir mais um pouco das Cachoeiras Vargem do Sobrado e Pacau.
Para quem começa cedo o dia sobra tempo. Retornamos a Jacutinga e pegamos as referências para conhecer a Fazenda Santa Clara e almoçar no restaurante do Duque (comida mineira, uai). Por sugestão do Sr. Geraldo da pousada, saímos pelo portal da cidade, como que retornando para Volta Redonda e antes da ponte da divisa com o Rio de Janeiro, saímos a esquerda em direção a Rio Preto. Esta estrada é muito melhor que a outra opção subindo em direção ao Boqueirão. Percorremos uns 15 km margeando o Rio Preto, até avistarmos a fazenda. A saída é a esquerda. Mais adiante cruzamos uma ponte por sobre o rio e subimos até a entrada principal, onde fomos recebidos pela Dona Adélia, uma das proprietárias e guia da visitação. A taxa foi de R$ 7,00 que valem a pena, por conta das histórias que ali se passaram.
Dentre as histórias que mais nos impressionou, além de conhecer as práticas de tortura e castigo impostas aos escravos, foi a de que ali não se produzia café como sustento e sim era uma fazenda de reprodução de escravos. As meninas de 12 anos procriavam a cada ano, até que ficavam impróprias ou morriam.
Outra história foi a de que o Barão de Monte Verde deixou sua esposa presa por 36 anos no andar superior da casa por ser ela infértil. Quando morreu, a baronesa assumiu o comando até sua morte.
Fora estes aspectos, pudemos conhecer parte da engenharia usada na construção e hábitos da época.
A fazenda conta com 365 janelas (hoje muitas são falsas), 52 quartos e 12 salas que não estão abertos a visitação. Banheiros?? Somente um que ficava do lado de fora, conhecida como casinha.
Sem condições de manter e preservar a fazenda, os atuais proprietários, herdeiros do Coronel João Honório, a vendem para um empresário alemão. Num futuro deve ser reaberta como museu histórico e hotel fazenda. A internet está cheia de outros “causos” sobre o lugar.
Fome!!! Muita fome!! Já era mais que hora. Fomos ao restaurante do Duque, logo na saída da Fazenda e lá nos fartamos com uma boa comida mineira, muito gordurosa por sinal, mas bem servida e barata.
De volta a Jacutinga, aproveitamos o dia para fotografar a cidade e participar da Festa Junina organizada pelo colégio municipal.
No dia seguinte, tentamos acesso a Cachoeira do Sô Ito, a 3 km do centro, mas demos de cara com a porteira trancada. Perguntamos quem tinha a chave, mas essa pessoa não estava disponível. Fomos informados que as visitas ali, só com marcação prévia por telefone. Não há alguma ilegalidade nisso??
Enfim, deixamos Jacutinga e tomamos o caminho para Conservatória e Barra do Piraí, nossos próximos destinos.
Seguimos até Amparo e de lá viramos para Conservatória, rodando mais 30 km em terra razoável, pela bela Serra da Beleza.
Em Conservatória fizemos uma parada para reativar áreas de memória que estavam adormecidas desde a última visita (+ 20 anos). É uma cidade sem atributos de natureza exuberante, mas muito aconchegante.
Foi toda reprogramada para o turismo, com muitos restaurantes, lojas e opções de hospedagem. Pelo que pudemos observar, o turismo da “melhor idade” é o carro chefe em Conservatória.
Deixamos Conservatória, passando por Ipiabas e de lá seguimos para Barra do Piraí, onde fomos conhecer a Fazenda Ribeirão. Não entre em Barra do Piraí. Quando atingir a BR393, vire no sentido de Vassouras e após 6 kms, antes da ponte que cruza o Rio Paraíba do Sul, você vai ver a placa da Fazenda Ribeirão a sua esquerda. Siga por terra uns 2 kms e vai chegar ao portão principal. Colocamos as bikes no chão e saímos para pedalar pela fazenda.
Típico hotel fazenda, com cavalos para montaria, charretes, lagos, restaurantes, muita área verde, pista de pouso e hangar para pequenas aeronaves, animadores e padrão hoteleiro muito bom. Nada que nos faça retornar. Nossa praia é outra.
Nos links a seguir, as coordenadas das Cachoeiras do Meireles e Boqueirão, Vargem do Sobrado, Mendonça, Pacau e da Fazenda Ribeirão.
Minas é um lugar que sempre encanta e surpreende, não conheço Santa Rita do Jacutinga, mas já incluí nos próximos planos, oh lugar bonito!
Que demais! Eu nunca tinha ouvido falar dessa cidade, adorei. As cachoeiras parecem maravilhosas.
Obg Gisele
Que bom que gostou Vivi. Minas te espera.
Obg Mamah
De fato são sim. Obg pela visita Katarina
Obg pela visita Paula
Adorei o blog. A titulo de sugestão:já ouviram falar de CARRANCAS MG ? Em materia de cachoeiras,lá é o maximo !
Opa. Sem dúvida. Carrancas é lida e muito rica em água. Estivemos lá em agosto de 2012, como parte de nossa cobertura da Estrada Real.
http://www.nasestradasdoplaneta.com.br/2012/08/carrancas-minas-gerais.html
Obg pela visita e pelas palavras