Ilha Grande em Angra dos Reis. Revisitando 17 anos após.

Foram precisos 17 anos para que nós encontrássemos espaço na agenda de viagens e voltar a Ilha Grande, o paraíso das águas e trilhas. Dá pra acreditar??!!
Estivemos aqui em 2000. Na época, realizamos o projeto de caminhar toda a extensão da ilha em 11 dias, dormindo e cozinhando em nossa minúscula barraca “iglu”. Atualmente, boa parte daquele circuito não pode mais ser pisado, em nome da preservação ambiental.
Agora, em 2017, voltamos para rever alguns dos cantos que mais tínhamos saudade.

Hoje é mais fácil ir à Ilha Grande que muitas outras cidades da costa do sol. Com o Arco Metropolitano, levamos 1h55min de Petrópolis até Conceição de Jacareí (Mangaratiba), de onde parte a lancha para Abraão na Ilha Grande.

Deixe seu carro parado em um dos vários estacionamentos disponíveis, bem ao lado do cais. Nós paramos no Vista Mar, que oferece as opções de coberto e descoberto, este último ao custo de R$25,00 a diária (tel.: 21 96461-3561 Whatsapp do Márcio). Tudo correu muito bem. Fizemos a reserva com antecedência de 4 dias, incluindo os bilhetes de ida e volta na lancha rápida (Flex Boat) até Vila do Abraão. O tempo de travessia varia de 15 a 25 minutos, dependendo das condições do mar. Nós utilizamos a lancha da Vila Nova Tour, ao custo de R$35,00 por pessoa. Os horários de ida e volta estão na página da Vila Nova (link acima).

Na Vila de Abraão ficamos no Hostel Overnativa Green, garimpado no booking.com. Foram 4 diárias, em período de alta temporada (feriadão), ao custo de R$160,00 cada uma. Quarto duplo, com ventilador de teto, ar-condicionado, geladeira, televisão e banheiro privativo, na Praia do Canto, a 5 minutos à pé do centrinho de Abraão. Boas instalações, com cozinha coletiva, área de convivência e bem tranquilo. Estava bem vazio. O maior volume era esperado para o fim de semana.

Se temos alguma crítica a fazer fica por conta da ausência de um interlocutor na recepção do hostel, responsável por receber os hóspedes e dar informações turísticas sobre a Ilha. Não havia qualquer material informativo ou mapas.

Procurando onde ficar na Ilha Grande? Aproveite e faça uma pesquisa no Booking e encontre o que procura.

Tempo bom e, embora fosse um feriadão (15/11 numa 4ª feira), a ilha não estava congestionada de turistas. Fizemos uma rápida pesquisa de preços no centrinho da vila (todas as agências ficam próximas) e decidimos pelo passeio da meia volta, que inclui as maravilhosas Lagoa Azul, Lagoa Verde e Maguariquessaba, Saco do Céu, Praia do Amor e Praia da Feiticeira, com almoço no (very expensive) Restaurante Refúgio das Caravelas, com a Lanchas e Cia, ao valor de R$180,00 o casal. Dispense os passeios nos barcos grandes. As lanchas menores tem mais flexibilidade de manobra, vão onde os maiores não vão, são mais rápidas, mais confortáveis, menos passageiros, não tem musiquinha de AXÉ tocando o tempo todo e você aproveita muito mais as belezas ao invés de ficar navegando. Pense nisso.

Não esqueça de levar um pedaço de pão para chamar a turma de comilões. Vai render ótimas fotos e filmes. A foto abaixo tirei de um dos fotogramas do filme que fizemos com a GoPro. Aliás, quase todas as operadoras em Abraão alugam GoPro (não sei o valor). Ao fim do post, dê uma olhada no filme com os melhores momentos da viagem.

Chegando ao Saco do Céu, fomos almoçar no Refúgio das Caravelas. Nosso cardápio, escolhido ainda enquanto estávamos na Lagoa Verde, foi Lula ao Vinagrete e Casquinhas de Siri, com caipirinhas de vodka. Valor? R$160,00. Meio salgado não? Atendimento rápido, os pratos estavam saborosos.

Onde jantar ou almoçar na Vila de Abraão? Nós experimentamos 2 estabelecimentos. O nosso preferido foi mesmo o Armação dos Anjos, ao lado da Pousada de mesmo nome. Um prato muito bem servido, saboroso, agradável de ver e comer, além do preço justo e honesto (R$22,00 – nov/17). O atendimento é impecável e a hospitalidade do Sr. Hélio, administrador, vai convencer você a voltar.

Outra boa opção é o Pato Crepes. Lá você tem, além das receitas mais tradicionais, ótimas opções vegetarianas. Ambiente muito agradável e confortável. Serviço rápido a um preço razoável (R$24,90 – nov/17).

Dia seguinte, ainda com o sol reinando, compramos o “transfer” de Abraão até Pouso Alto num dos “taxi boats” que fazem o percurso. Ficam parados na Praia do Canto, mas você consegue pegar em qualquer lugar da orla de Abraão. É só perguntar. Valor de R$50,00 (ida e volta-2017). Agende o horário da volta, para garantir que terá um transporte a sua espera. Os barqueiros estão organizados em associação. O serviço, que parece simples, pode ficar complicado quando pilotos inexperientes (mesmo que habilitados) são colocados para executar o transporte de passageiros. A capotagem ou alagamento de uma lancha rápida no mar, é algo bem provável de acontecer no caso de imperícia. Nosso piloto pouco se preocupou com os passageiros de proa, batendo o casco com muita força nas marolas e quase quebrou a cruzeta do hélice ao atravessar a esteira de outra lancha. Saber surfar nas ondas, mantendo a lancha no mesmo ritmo da maré é dar conforto aos passageiros e mostra perícia. Nosso voucher informava Ilhados no Paraíso – Arlindo (24) 99958-2564. Não conseguimos achar o Sr. Arlindo para fazer uma reclamação.

Desembarcamos em Pouso Alto e de lá seguimos de trilha (25 minutos) para a praia de Lopes Mendes, nosso destino final. Trilha leve, muito agradável de percorrer.

A praia de Lopes Mendes é dita como a 7ª mais linda do mundo. Esse crédito pode estar diretamente relacionado a limpeza e ausência de restaurantes. Água cristalina e de boa temperatura. O acesso por mar está proibido aos taxi boats, aumentando a tranquilidade. Muita sombra disponível embaixo da vegetação típica de mangue. Traga seu lanche e leve seu lixo, contribuindo para manter o lugar assim. São em lugares como esses, que você ainda pode encontrar o Anísio, violinista andarilho de Volta Redonda, para uma apresentação particular.

No dia seguinte, ainda sobre a benção do Rei Sol, fomos atrás de tartarugas. A Praia da Crena, quarta praia na trilha que segue na direção de Abraãozinho, é dita como berçário delas. Fomos conferir. Trilha de nível leve (30 min), muito agradável, acompanha a orla, permitindo vários mergulhos pelo caminho. De fato um recanto privilegiado. A Pousada e Restaurante da Crena atende com exclusividade no lugar (24 99955-2023) . Sugerimos o pastel de camarão.

E as tartarugas? Paciência, muita paciência e atenção. Elas podem estar por ali, mas se não tiver a devida persistência e aquela sorte divina, ou fica com frio de tanto ficar de molho ou queimado de tanto pegar sol.
A técnica mais adequada é sentar de frente à praia, tomar sua cerveja e manter os olhos na linha d´água, dando preferência aos cantos da praia, junto às pedras, onde a água está mais clara e com mais alimentos. Ao perceber uma cabecinha subindo para respirar, mova-se com prontidão e tente surpreende-la na próxima respiração. Aí está nosso exemplar solitário. Após o flagrante, sumiu de vista. O vento da manhã sujou a água, dificultando a visibilidade onde seria possível mergulhar. Mas está registrado.

Como dissemos no início, visitar a Ilha Grande está bem simples e mais fácil que algumas das tradicionais cidades da costa do sol. Não descobrimos porque esperamos 17 anos para voltar, desde nossa primeira visita, quando andamos toda a ilha, de mochila e barraca, por 11 dias. Bons tempos aqueles. Mas as belezas ainda estão lá. Não deixe de ir.
O problema do lixo ainda não nos pareceu bem resolvido. Muitos aspectos em Abraão melhoraram desde nossa passagem em 2000. A profusão desenfreada de campings sem tratamento de esgoto acabou, o turismo está mais organizado, a praia de Abraão, não é mais povoada por urubus, nem as línguas negras estão presentes a cada 50 metros. Mas o lixo ainda precisa de muita atenção. Na foto ao lado, você está vendo o lixo de um dia, somente na Praia do Canto em Abraão. Depois de bagunçado pelos catadores de latinhas, pelos cachorros e por fim pelos urubus.

No filme a seguir, um pouco de tudo que vimos e fizemos nessa viagem.