relembrando março/2008 – qual a imagem que representa, com mais intensidade, a Chapada Diamantina?
Morro Pai Inácio? Gruta do Poço Azul? Gruta da Fumaça? Pratinha? Cachoeira da Fumaça?
Para não ser incorreto, vamos ficar com a visão ampla e generosa do Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Passamos incríveis 7 dias passeando por lá. A chuva nos cumprimentou na noite da chegada e na manhã da saída, deixando perfeitos todos os demais dias.
Viemos de Salvador direto para Lençóis, onde nos hospedamos na Pousada Casa da Hélia, rústica e escondidinha no centro da cidade. Um labirinto de sobe e desce, com pequenos apartamentos e o conforto necessário para quem passa o dia todo passeando. O café da manhã é bem servido. Nosso quarto tinha vista para o Rio Lençóis.
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Aproveitamos o resto do dia para bater pernas pela cidade e já fazer um passeio pelo leito do rio Serrano, com suas águas escuras, os muitos caldeirões (panelas) e o salão de areias coloridas.
─ Mas, porque o nome de Lençóis? Você pode deduzir que é uma alusão às lavadeiras que usam o rio e suas pedras para lavar suas roupas e deixar quarando ao sol.
São duas as versões: dizem alguns ser decorrente das coberturas de lona branca das tendas dos primeiros garimpeiros que se instalaram na região. Visto do alto dos morros, os tetos das barracas davam a impressão de um grande lençol estendido. Outros dizem que as águas do rio Lençóis, que corta a cidade ao meio, formam espumas brancas, principalmente em épocas de fortes chuvas. Em meio às pedras parecem um grande lençol estendido.
A cidade de Lençóis é bem agradável e acolhedora. Seu casario antigo, a vida pacata, o calçamento de pedra remonta a um passado de riquezas e tradições. Descoberta no século 19 em razão da exploração do ouro e do diamante na região de Mucugê. Por volta de 1994 o garimpo perdeu força pelo esgotamento das fontes. A partir daí, apareceu o turismo como a maior riqueza da Chapada Diamantina, tendo Lençóis como sua porta de entrada.
Esta noite jantamos no Fazendinha e Tal. Comidinha caseira, honesta, saborosa e bem servida. O prato foi um bife à parmegiana para dois, com legumes, arroz, feijão tropeiro, couve e batatinha palha. A cachaça de mesmo nome é muito querida e apreciada na região. Levamos algumas garrafas de presente.
No dia seguinte, contratamos a operadora local EcoTur, para visitar o Rio Santo Antônio, Marimbus o Mini Pantanal e a Cachoeira do Rio Roncador. Sílvio, nosso guia, nos levou de carro até o lugarejo de nome Remanso.
Embarcamos em duas canoas e remamos (1h30m) por entre canais com vegetação semelhante ao do nosso pantanal em MT.
A chegada foi na sede da Fazenda Velha, com mais de 200 anos de história e praticamente abandonada. Atua como receptivo para os turistas que visitam o Rio Roncador e suas cachoeiras. Suas águas escuras e mornas foram um convite irrecusável diante do calor que estávamos experimentando.
A cor escura é decorrência da grande concentração de matéria orgânica dissolvida ao longo de seu curso. Ao passar por corredeiras é produzida uma espuma branca que faz curiosos desenhos nos remansos.
O saboroso almoço de fazenda, feito no antigo fogão a lenha foi servido acompanhado de inúmeras opções de batidas, cachaças e licores. Depois de um breve descanso, tomamos as canoas de volta para nossa base em Remanso e de lá para Lençóis. Um passeio imperdível.
Na manhã seguinte, contratamos o guia Edilson, da operadora local Zen Tur, para o passeio guiado pelos atrativos Gruta do Poço Azul em Mucugê. Um lugar encantador, com direito a flutuação. Nem sempre a opção de flutuar nas águas da gruta está disponível.
O roteiro incluiu também visita ao cemitério Bizantino que na verdade chama-se Santa Izabel, ainda em Mucugê. Sua estranha localização (encosta alta) tem origem na forte epidemia de cólera que atingiu a região. Essa elevação buscava proteger os mananciais e lençóis de água, grande riqueza do lugar. A arquitetura não remonta ao período bizantino, entretanto, não conseguimos explicações para o uso do nome.
Fomos conhecer a Cachoeira da Piabinha e do Tiburtino, para mais alguns banhos nas águas do rio Cumbuca. O forte calor determinava nosso ritmo, intercalando esses providenciais mergulhos refrescantes.
Ainda fomos conhecer o Museu do Garimpo e Projeto Sempre Viva, que tem por objetivo proteger as Sempre Vivas da extinção. A coleta descontrolada quase dizimou essa espécie na região.
Nosso almoço foi em Mucugê no restaurante Sabor e Arte. Uma comida razoável, padrão self-service que atendeu, sem muitos atrativos. A cidade de Mucugê, com seu casario colorido e suas ruas calçadas de pedra dão um toque de beleza e simplicidade, combinando com a calma do lugar e de seus moradores.
Os atrativos do deste dia serão o Poço do Diabo, Gruta da Fumaça, Pratinha, Gruta Azul e Morro Pai Inácio. Este roteiro também foi conduzido pela operadora Zen Tur, desta vez com o guia Jayme. Seguimos de carro até a trilha que dá acesso ao Poço do Diabo. Começamos logo por um mergulho no lago formado pela Cachoeira do Rio Mucugezinho.
A cachoeira do Poço do Diabo tem 20 metros de queda. Nos períodos de chuva, o volume de água impressiona. Não foi o caso dessa vez. As operadoras oferecem também atividades como rapel e tirolesa sobre o poço. Diz a lenda que o donos de escravos jogavam os negros desobedientes no poço.
Por onde se olha, o conjunto dos paredões com as quedas e os poços formam ambientes espetaculares.
A Gruta da Fumaça é um atrativo especial. Seus salões com as formações chamadas de estalactites (presas ao teto) e estalagmites (presas ao chão), provenientes do gotejamento rico em calcário. Quando chegam a se unir, formando colunas, são chamadas de espeleotemas. O crescimento destas formações varia de 0,01mm a 3mm por ano.
Nosso próximo atrativo foi a flutuação nas águas cristalinas da Gruta da Pratinha. São 450 metros de galerias espetaculares, com boas chances de avistar peixes e tartarugas. Fica localizada dentro da fazenda de mesmo nome.
Atividade com grau de dificuldade mínima, com coletes flutuadores, máscara e respirador, acessível a qualquer um. A entrada é paga (R$20,00, valores de maio/2016).
A estrutura de apoio ao turista é simples, mas eficiente, com restaurante, lanchonete e banheiros. Ao lado da gruta, no lago da Pratinha você também pode se aventurar numa tirolesa deliciosa que termina dentro d´água.
A Gruta Azul completa os atrativos do lugar. Não permite mergulho ou flutuação. O efeito do tom azul intenso se dá por conta de uma abertura na rocha, por onde o sol entra, entre 14h e 15h, durante os meses de abril a setembro. Essa luz penetra a água cristalina. A profundidade do poço é de 70 metros.
O fechamento do dia ficou por conta do Morro Pai Inácio. Nos deslocamos até a base, ao lado da BR-242 e iniciamos a subida de 450 metros de caminhada até o cume com 250 metros de altura. A altitude em relação ao nível do mar é de 1120 metros.
A lenda relacionada ao morro diz que um escravo teve um romance com uma filha de um rico fazendeiro e o namoro resultou em gravidez. O escravo, com medo da intolerância da época, fugiu para o alto do morro e saltou com um guarda chuva aberto, desaparecendo para sempre. A vista é fantástica, seja para que lado você olhe.
No quinto dia, apontamos nossa proa para a Cachoeira da Fumaça. A operadora da vez foi a Vertical Trip Adventure, do guia Lucas. Nos deslocamos para a base da trilha de carro. Lá contribuímos voluntariamente para a equipe responsável pela preservação da trilha e do atrativo e então, iniciamos a subida. Trilha de nível médio, em torno de 1:30h de subida e 1:15h de descida. A Cachoeira tem 380 metros de altura, estando a 1280 metros acima do nível do mar.
A forma mais adequada de observar a queda, é deitado sobre a pedra que fica lançada no vão da queda. Muitas formações de arco-íris aparecem e somem, pela dispersão de água que sobe pelo canal de vento gerado no paredão. Grande parte da água lançada, não chega a tocar o solo, daí o nome Fumaça.
Após a descida pela trilha, fomos nos refrescar na Cachoeirinha, outro belo atrativo deste dia.
Na manhã seguinte, saímos para conhecer a Cachoeira do Ribeirão do Meio e a Cachoeirinha do Rio Serrano. Estes passeios não requisitaram guias locais, pela facilidade de identificação e deslocamento através das trilhas seguras e bem sinalizadas. Saindo do centro de Lençóis, a partir da Igreja do Rosário, andamos por trilha de 1,5 km até o grande poço do Ribeirão do Meio. As coordenadas da trilha desde o ponto zero estão no arquivo ao fim deste post.
Após banho nas águas escuras do Ribeirão, retornamos pela mesma trilha, chegando ao centro de Lençóis. No deslocamento para conhecer a Cachoeirinha do Rio Serrano, atravessamos a cidade e pudemos observar a degradação do solo, produzida por anos de garimpo de diamantes na região, hoje proibido.
A Cachoeirinha do Serrano estava bem seca, mas a cor amarelo ouro de seu poço vale o empenho de conhece-la.
Esta foi nossa passagem pela Chapada Diamantina. Aproveitamos nossa presença na Bahia, e daqui saímos direto para Itacaré, Península de Maraú e Boipeba. Vamos falar sobre esta esticada deliciosa, em outro post. Viva a Bahia.
Para ver as coordenadas marcadas de todos os pontos que visitamos, pegue este arquivo.kmz e abra no Google Earth
Uauu, este lugar é um verdadeiro paraíso para os amantes da natureza. Quanta cachoeira e cada paisagem linda. Estou encantada com as fotos, e até a cidadezinha de Lencois me parece bem aconchegante, amo ruelas de pedras e lugares históricos 🙂 Abraços
Este é um dos lugares que mais tenho vontade de conhecer! Não vejo a hora de realizar este desejo! Seu post está fantástico e só aumentou o desejo de conhecer a Chapada.
chapada é realmente um paraíso, o Brasil possui tantos lugares incríveis, uma pena não ser tão explorado, as fotos estão incríveis!
o post mais mega completo que já vi sobre a Chapa diamantina na vida! adorei as fotos, toda vez que entro no blog sou contagiada pela alegria de vcs dois! acho muito legal suas viagens pelo BR, inspiradoras! quem dera minha família fosse assim como vcs ahuehauea
Sem dúvida um sonho. Obg pela visita
Angela, Obg pelas palavras e pela visita.
Obg pela visita
Obg pela visita Itamar.
Obg pela visita Josiane
Vá sim Karilayn. Obg pela visita