Viajar levando nossa casa sobre rodas proporciona experiências maravilhosas, mas também, alguns “perrengues” inesquecíveis, além de muitos casos curiosos. Vamos contar alguns deles pra vocês.
Entrando no Uruguai com o gato Fredy
Em nossa viagem de 60 dias pelo sul e Uruguai, passamos por uma curiosa experiência ao apresentar os documentos na fronteira em Uruguaiana. Nos preocupamos em limpar a despensa e geladeira de produtos perecíveis e atualizamos o Passaporte Animal do Fredy, nosso gato viajante. Eis que, ao sermos abordados pelo oficial de fronteira, o gato Fredy capturou toda a atenção do pessoal de fronteira.
O tamanho do Fredy e a inusitada situação (normalmente não se vê um gato viajando), fez com que nossa liberação fosse imediata. O oficial nem quis se aproximar da janela do carro. Não fiscalizaram nossa geladeira, nem pediram o seguro carta verde. Deixamos em Canela, (nossa última parada ainda no Brasil) toda nossa comida, (inclusive os pacotes de ração abertos do Fredy), pensando em garantir uma entrada no Uruguai sem problemas. Vimos que foi totalmente desnecessário.
Aprendizado: a partir de então, Fredy passou a ser o responsável pelo nosso “livre acesso” em todos os destinos.
Colônia de formigas na tulha do trailer
Conviver com a natureza reserva surpresas das mais variadas. Ao passarmos alguns dias estacionados num camping bem integrado ao ambiente natural, descobrimos uma colônia de formigas plenamente instalada dentro de nossa tulha, onde fica a CE – Central Elétrica (baterias, inversor, carregador, transformador, etc…). O aquecimento característico da CE tornou-se um ambiente perfeito para a instalação da colônia. E os muitos dias sem interferência humana, mais ainda. Pouco se mexe na CE.
A descoberta aconteceu quando o sensor de temperatura avisou que o ambiente havia passado dos 40ºC. Ligamos a ventilação forçada e abrimos a tulha para uma avaliação. Eis que se iniciou a correria das formigas. Passado o susto, a batalha começou. Desligar a força e abafar o ambiente com inseticida. Aspirar e limpar a tulha. Ficamos muito agradecidos por ter descoberta a invasão antes de retornar com o trailer para a garagem.
Aprendizado: eliminar qualquer acesso externo ao interior do trailer, principalmente nos fios de energia, mangueiras de saída e etc…
Chuva de granizo em deslocamento
Essa é uma das experiências mais desagradáveis para se enfrentar na estrada, principalmente quando você se encontra em deslocamento. O impacto das pedras no para-brisas, na placa solar, na claraboia e na tampa do motor que está com a chapa quente, pode gerar muito prejuízo e estragar o passeio.
Nossa sorte foi que a poucos metros à frente chegamos numa praça de pedágio, onde foi possível esconder a Camper embaixo de uma proteção. Ali ficamos até que a tormenta acalmasse.
Aprendizado: não se esconda embaixo de árvores pelo risco de raios; não saia de dentro do carro se não for urgente; o veículo vai proteger você e sua família no caso de alguma descarga elétrica; se possível, manobre o carro para obter a menor resistência possível ao vento e aguarde a calmaria; não se posicione em áreas baixas pelo risco de alagamentos; em deslocamento, reduza a velocidade, mantenha as luzes acesas e só use o pisca alerta, caso esteja totalmente parado.
Tsunami de bosta no vaso do camping
Essa lição você nunca mais esquece. A pessoa educada, após usar o vaso de qualquer estabelecimento, dá descarga, para deixar em condições para o próximo usuário. Simples assim.
Mas não é simples não. É mesmo, muito COMPLEXO e PERIGOSO. Ficamos até na dúvida de postar essa foto. É a visão do inferno. Desesperador.
É a mesma coisa que ter sido premiado com a mega sena da merda. Portanto, NUNCA SE ESQUEÇA. Sempre é possível que um transbordamento assim ocorra. A falta de manutenção adequada, fossas mal dimensionadas, entupimentos e a vingança do “homem bosta” podem estar logo ali na esquina.
Aprendizado: antes de usar o vaso no banheiro de um camping ou posto de gasolina, faça antes o teste da descarga. Estabeleça uma rota de fuga para o caso do transbordamento começar. Cuidado ao se trancar. Você pode ter dificuldades de sair caso entre em desespero. Não suba na pia ou no vaso. Essas cerâmicas, ao se quebrar, provocam ferimentos muito graves e de difícil cicatrização.
Frio congelante em Ushuaia
Quando viajamos para Ushuaia, acertamos uma pousada para descansar 2 noites com mais conforto. Tudo foi resolvido à distância, pelo telefone. Naquela época (2007), não contávamos com as facilidades de hoje em dia (avaliações de outros usuários, booking, trip-advisor e etc…). Havíamos negociado um quarto com vista panorâmica para o mar, bem no alto e junto ao acesso do glaciar Martial, nosso destino do dia seguinte.
Pois bem. Ao anoitecer começamos a entender porque a maioria das casas mais humildes, eram construídas com paredes e tetos de zinco. Para reter o calor do sol e liberar à noite. Nosso quarto era de madeira e vidro e não tinha AQUECIMENTO.
Como não foi possível a troca de quarto para aquela noite, a solução foi deixar a cerveja pelo vinho e vestir as roupas que seriam usadas no dia seguinte. Dormimos abraçados e embaixo de todas as cobertas disponíveis. Não deixou de ser muito romântico.
Aprendizado: não poderíamos imaginar que, num local tão frio, não fosse haver aquecimento, mas também não checamos no momento da reserva. Pergunte sempre e obtenha uma confirmação por escrito. Essa atitude nos livrou de um aborrecimento grande no Hostel Recoleta em Buenos Aires, tarde da noite. Nossa reserva havia sumido. Fomos salvos pelo e-mail impresso com a confirmação.
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E você? Tem algum PERRENGUE daqueles pra nos contar? Mande sua história aí nos comentários. Vamos rir e aprender com as experiências de todos.
